Na década de 60, Jerome McCarthy criou o conceito de “4Ps do marketing”, que são: Produto (a importância da funcionalidade, qualidade, estética, embalagem e benefícios do produto); Preço (o valor que o cliente paga pelo produto, cobrindo os custos e gerando lucro); Praça (refere-se aos canais de distribuição onde o produto será vendido, tanto no on quanto no offline); e Promoção (ações de marketing para divulgar o produto e atrair consumidores).
Amplamente divulgada no meio acadêmico, essa ferramenta é importante, principalmente, para a estruturação de uma marca. Mas como manter essa ideia viva no dia a dia, em meio à constante pressão de criar conteúdos que se diferenciam dos demais e gerem identificação profunda nos clientes?
Daniela Dantas, vice-presidente da WGSN na América Latina, compartilhou um report que sintetiza essa mudança de estratégia através dos 4Cs, totalmente focado na experiência do consumidor. Vamos juntos analisar as provocações de cada letra da sigla:
- Novos 4Cs do Marketing: Conteúdo
O conteúdo é a moeda de troca do universo digital. Você não pode esperar que o seu seguidor queira comprar seu produto, sem oferecer algo anteriormente a ele. Dancinhas repetitivas, prints de fotos de campanha e roupas no cabide podem até preencher os “risquinhos” dos stories, porém na maioria das vezes, farão seus clientes pularem o seu perfil. Ninguém quer seguir uma marca que se comporta somente como um catálogo virtual, você precisa transmitir informações e encantá-lo. Registros de como o produto foi feito, qual foi a inspiração, características da peça (nome do tecido, estampa, shape, detalhes, caimento), truques de styling de como usá-la, etc.
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A Balmain, marca de luxo com legado enraizado no imaginário coletivo, entendeu que o conteúdo é essencial para permanecer relevante: “O entretenimento é a nossa estratégia. A equipe foi formada porque os diretores insistiram em contratar pessoas da indústria do entretenimento, não apenas da moda. Isso nos ajuda a criar um conteúdo diferenciado que atrai nosso público hoje, e continuará atraindo no futuro”, afirmou Jeremy Macé, Diretor de Marketing Digital da Balmain.
- Novos 4Cs do Marketing: Cultura
Você já parou para pensar na cultura da sua marca? Qual o seu propósito e como transmiti-lo através das redes sociais de forma humanizada? Dados do Edelman Trust Barometer (2023) afirmam que os consumidores são 4 vezes mais propensos a confiar em marcas que se posicionam sobre questões sociais, ambientais e culturais, gerando fidelização.
Não deixe-se influenciar por modismos passageiros, faça uma reflexão sobre a persona da sua marca (estilo de vida, hábitos, gostos e dores) e analise o que é realmente importante para ela, transparecendo na sua comunicação toda essa verdade.
Falar de sustentabilidade, hoje, é uma responsabilidade coletiva. A Pangaia é um exemplo de marca sustentável que conseguiu sair do estereótipo de “eco-chato”, transmitindo as informações de suas fibras recicladas e corantes botânicos de forma interativa e conectada com o universo jovem. Como na coleção Bee The Change, em que parte dos lucro é direcionada a projetos de conservação de abelhas, ou a Coral Reef, que apoia o replantio de recifes de coral nos oceanos.
- Novos 4Cs do Marketing: Comércio
Falando sobre comércio: os canais de compra funcionam como “iscas” para atrair seus consumidores. Quanto mais pontos de contato sua marca oferecer, maiores são as chances de conversão. O consumidor atual é considerado omnichannel, ou seja, ele pode pesquisar o seu produto no Google, se inspirar com os conteúdos no Instagram e TikTok, tirar dúvidas pelo Whatsapp e finalizar a compra no seu site – ou no canal que oferecer a melhor experiência.
Mas será que isso significa o fim das lojas físicas? Muito pelo contrário. Elas ganham um novo papel: o de hubs de conexão, com espaços interativos que envolvem todos os sentidos e traduzem a essência da marca. (Falo mais sobre isso neste post!)
Um ótimo exemplo disso é a ação Dupe Swap da Lululemon. Em vez de combater judicialmente os conteúdos que promoviam imitações (conhecidas como “dupes”) de suas leggings, a marca criou uma pop-up store ousada: convidou as pessoas a trocarem as peças falsas por um modelo original, gratuitamente. Foram distribuídos mil modelos (cerca de US$ 98 mil em valor de produto). Mais do que uma ativação promocional, a Lululemon apostou na vivência sensorial, deixando o consumidor sentir na pele a diferença, sendo que 50% dos participantes tornaram-se novos clientes.
- Novos 4Cs do Marketing: Comunidade
Uma marca não é apenas o seu C.E.O. Ela é fruto de todas as pessoas que passaram pelo processo de produção e deve impactar a comunidade. Quando a empresa reconhece isso, ela deixa de ser apenas uma fornecedora de produtos e se transforma em um ecossistema vivo, onde criadores, consumidores e territórios se fortalecem mutuamente.
A WGSN pergunta em seu report: “Como você pode criar fidelização por meio da gestão da comunidade?” A resposta é: através da sensação de pertencimento. Essa é a verdadeira fidelização: quando os clientes não se veem apenas como compradores, mas como colaboradores de um movimento.
E poucas marcas constroem isso com tanta verdade quanto a Brother Vellies. Fundada por Aurora James, nasceu para celebrar e preservar técnicas artesanais africanas, dando visibilidade global a comunidades de artesãos locais de regiões como Etiópia, Quênia e África do Sul.
Ao que tudo indica, Os 4Cs apontam uma mudança na indústria, em que o impacto cultural e social de uma marca se tornará uma métrica para avaliar seu sucesso muito maior que curtidas e compartilhamentos.
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Texto feito pela Equipe Joy House
Referências:
Imagem destaque: @wgsn
Nesse texto usamos alguns termos em inglês. Que tal incluí-los no seu vocabulário, caso sejam novos para você?
Insight: Percepção estratégica
Report: Relatório analítico
Truques de styling: Dicas de estilo
Persona: Perfil do consumidor
Pop-up store: Loja temporária
C.E.O: Diretor executivo
