No post “As maiores it-girls do momento” o nome Charli XCX já estava em destaque. A estrela furou a bolha da cena underground e atingiu o topo das paradas com o álbum “Brat”, lançado em 7 de junho. Com ritmo dançante e letras pessoais, tornou-se simplesmente o disco melhor avaliado do ano pela plataforma Metacritic.
O que torna Charli tão única é que ela vai contra a corrente do que todas as outras artistas estão fazendo. Seu som é considerado anti-pop, resgatando a clubber culture dos anos 90 e referenciando a sua própria história.
Quem é essa garota? Confira detalhes sobre a sua origem, seu caminho para o estrelato e sua influência nas tendências de moda e comportamento.
- Charli XCX: Party Girl
“Inside that icon, there’s still a young girl from Essex”
Por baixo da postura icônica de Charli, ainda existe Charlotte Emma Aitchison, a jovem que cresceu em Essex, na Inglaterra. Nascida em 1992, começou a produzir suas próprias músicas e postá-las no site MySpace quando tinha apenas 14 anos. Suas composições chamaram a atenção de um organizador de raves ilegais, que a convidou para fazer seus primeiros shows. Pode-se afirmar que a estética “Party Girl” faz parte de sua essência, por ter passado toda a adolescência em meio às festas de música eletrônica.
Em 2014, ela ganhou reconhecimento internacional com os singles “Fancy” (em parceria com a rapper Iggy Azalea) e “Boom Clap”. Desde então, começou a desfilar pelas premiações o seu estilo: cabelos volumosos, maquiagem escura, roupas sensuais e metalizadas, sempre com um toque alternativo.
- Charli XCX: The Brat Era
“I’m your favorite reference, baby”
Após anos de carreira lançando álbuns que não alcançaram o mainstream, Charli se reinventou totalmente em busca de se tornar a referência favorita da geração Z. Para isso, intitulou seu álbum de “Brat”, que pode ser traduzido como “pirralha, pessoa de comportamento irritante e mimado”. Segundo entrevista para Billboard: “É uma reação que vem das inseguranças, uma combinação de ultra confiança e ultra vulnerabilidade”. É sob essa perspectiva que ela escreve sobre temas como luto, inveja, dilemas da fama e pressão corporal – de forma direta, como se estivéssemos lendo o seu diário.
No seu visual, também houve um alinhamento de styling, para representar essa persona. Seus looks são mix perfeitos de sensualidade (decotes, transparências, cintura baixa) e atitude (botas cano médio, peças rasgadas, couro, fivelas e óculos escuros), impulsionando um visual conhecido como Indie Sleaze.
- Charli XCX: Indie Sleaze
O Indie Sleaze teve o seu auge durante os anos 2006 e 2012, com referências de estilo do grunge e do glam rock, refletido no lifestyle de celebridades como Kesha, Lady Gaga e Kate Moss. Para seus adeptos, a vida noturna é um espaço de auto expressão, apostando em looks ousados e “despreocupados” – sem se importar com maquiagens borradas. Peças vintage, itens metalizados, camisetas de bandas, meias arrastão e comprimentos micro são alguns dos itens-chave desta estética.
“No, I never go home. Don’t sleep, don’t eat. Just do it on repeat, keep bumpin’ that”
Virar a noite nas festas, transformando cada momento em uma celebração. Esse espírito rebelde e bagunçado ressurgiu na atualidade, contrariando diretamente a era anterior clean girl que idealizava uma “vida perfeita”. O Indie Sleaze representa um movimento de jovens que postam nas redes sociais sem filtros, rejeitam tendências impostas e vestem o que realmente gostam.
- Charli XCX: Brat Green
A identidade visual de Brat é um dos motivos de todo esse sucesso. A capa do álbum no tom verde-limão (#89CC04) com fonte pixelada, resgata uma nostalgia cibernética do início dos anos 2000.
Charli testou sessenta e cinco opções até escolher a cor: “Eu queria usar um verde ofensivo e fora da moda para desencadear a ideia de que algo está errado. Gostaria que questionássemos nossas expectativas em relação à cultura pop. Por que algumas coisas são consideradas boas e aceitáveis, e outras são consideradas ruins? Estou interessada nas narrativas por trás disso e quero provocar as pessoas. Não estou fazendo as coisas para agradar.”, afirmou a cantora à Vogue Singapura.
Esse impacto pode ser observado nas passarelas de Outono/Inverno e Primavera/Verão 25 de marcas como Alexander McQueen e Balenciaga, que se identificaram com o viés provocador do tom.
- Charli XCX: Brat Summer
#BratSummer viralizou no TikTok, com mais de 143.7 mil vídeos dançando a coreografia da música “Apple”, incorporando elementos verde-limão nos looks ou saindo para festas com as amigas.
Em um mundo onde hashtags como #projetoverão cobram o emagrecimento em tempo recorde, a mensagem de Brat convida mulheres de todos os corpos, idades e estilos a abraçarem as suas imperfeições e se divertirem ao máximo na estação.
“If you love me. If you hate me. I don’t fucking care what you think”
Charli é o oposto do que todos esperam. Canta com efeitos de autotune distorcidos, veste peças destroyed e não se importa com críticas. Essa rebeldia era talvez o que faltava em meio ao ciclo de tendências rápidas, que substituem-se em questão de segundos na moda e na música.
Desde o lançamento do álbum em junho, ela manteve-se como um dos assuntos mais comentados internacionalmente. O verão Brat promete continuar no hemisfério sul, com o lançamento do álbum de remixes em 11 de outubro. Estamos ansiosas para acompanhar o que vem por aí!
Texto produzido pela Equipe Joy House
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Neste texto usamos algumas palavras e termos em inglês. Que tal incluí-las no seu vocabulário, caso sejam novas para você?
Underground = Cena alternativa da música.
Clubber Culture = Cultura de festas de música eletrônica.
Raves = Festivais de música.
Party Girl = Garota festeira.
Singles = Músicas lançadas individualmente.
Mainstream = Cultura popular.
Geração Z = Nascidos entre 1995 e 2010.
Grunge = Estilo musical alternativo dos anos 90.
Glam Rock = Rock com estilo maximalista.
Clean Girl = Visual minimalista, focado na rotina de autocuidado.
Lifestyle = Estilo de vida.
Autotune = Tecnologia de distorção vocal.
Destroyed = Efeito destruído, rasgado.
No fone de ouvido: Confira a tradução das letras das músicas referenciadas no texto.
- “Inside that icon, there’s still a young girl from Essex” – “Por baixo desse ícone, ainda existe uma jovem de Essex” da música: Girl, so Confusing.
- “I’m your favorite reference, baby” – “Sou sua referência favorita, baby” da música 360.
- “No, I never go home. Don’t sleep, don’t eat. Just do it on repeat, keep bumpin’ that” – “Não, nunca vou pra casa, não durmo, não como. Repito isso várias vezes. Continue dançando.” da música 365.
- “If you love me.If you hate me. I don’t fucking care what you think” – “Se você me ama ou se me odeia. Eu não me importo nem um pouco com o que você pensa”
Referências:
Imagem destaque: @charlixcx