É lei! Usar expressões como “couro sintético”, “couro ecológico”, “couro fake” para designar materiais que não são de origem animal é proibido por lei. Cuidado com as informações que você passa no seu provador fashion! Saiba mais no blog:
Para tornar-se referência no mundo da moda, é necessário estar por dentro das tendências, notícias do momento e também, das leis. O Fashion Law é uma especialidade jurídica relacionada à indústria da moda e abrange diversas questões como: proteção do design, registro de marcas e patentes, combate à pirataria, sustentabilidade, entre outros.
E é claro que essas leis não poderiam deixar de abranger o primeiro item usado como indumentária pelo ser humano, que evoluiu, e hoje é considerado artigo de luxo pela sua durabilidade, conforto e estilo: o couro.
O couro vem de origem animal. A partir de todo o movimento de conscientização sobre sustentabilidade, surgiram como alternativas os materiais sintéticos, que possuem características visuais parecidas com o couro, mas composições bem diferentes: poliuretano, polipropileno e polivinílico.
O que acontece é que na comercialização dos couros e sintéticos, muitos comerciantes acabam se confundindo nas nomenclaturas e adotando expressões que abrem margem para enganar o consumidor na hora da compra.
Não seja mais um agente de desinformação e aprenda a nomenclatura correta de cada material!
- Conheça a lei:
A lei 4.888/65 criada em 1965 torna proibida a venda de produtos denominados couro, mas que não tenham procedência exclusivamente de pele animal. Recentemente, o artigo desta lei que a tipificava como crime foi revogado. Segundo a previsão do art 66 do Código do Consumidor continua sendo crime contra o consumidor fazer afirmações falsas sobre as características do produto.
- Art. 1° Fica proibido pôr à venda ou vender, sob o nome de couro, produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal.
- Art. 2° Os produtos artificiais de imitação terão de ter sua natureza caracterizada para efeito de exposição e venda.
- Art. 3° Fica também proibido o emprego da palavra couro, mesmo modificada com prefixos ou sufixos, para denominar produtos não enquadrados no art. 1°.
Quem faz o monitoramento desta lei é o CICB – Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, com um projeto nacional que verifica a comunicação online das marcas e seus estabelecimentos. Desde 2014, já são 30 mil estabelecimentos visitados e 50 mil infrações encontradas e notificadas.
Quer acertar na hora de falar? A dica é chamar os produtos pelo o que eles são em sua composição. Couro é de origem animal, e tudo o que tiver outra origem, não pode estar relacionado à palavra couro. “Couro sintético”, “couro ecológico” e “couro fake” são nomenclaturas proibidas.
- Entenda as nomenclaturas: Couro
(Arlington, A.W.A.K.E Mode, Chanel)
Vamos entender o que é verdadeiramente o couro, e porque ele é tão importante para a indústria da moda. Como citado anteriormente, a pele de animais, principalmente a bovina, foi o primeiro item da história da indumentária, utilizado pelos homens pré-históricos há 400 mil anos para se abrigarem do frio e dos fenômenos climáticos (chuva, vento e neve). No Egito Antigo, foram criados os processos de corte, costura e tingimento, que possibilitaram a criação de roupas e sandálias com couro e na Grécia Antiga, foi desenvolvida a técnica de curtimento vegetal. Com a produção em massa na Revolução Industrial, o material se popularizou definitivamente e foram criadas infinitas formas de aplicá-lo.
Atualmente, ele é um ícone fashion, considerado atemporal, por seu estilo clássico, durabilidade, resistência e versatilidade. Por possuir um valor agregado, quando um comprador anuncia que vende couro, ele deve se responsabilizar pela sua procedência.
No entanto, há diversas questões que envolvem a indústria de curtumes relacionadas ao bem-estar animal. A criação intensiva de gado e os métodos de abate podem ser considerados cruéis por muitas pessoas. Segundo a revista Casa Vogue: “O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina e possui o maior rebanho dos animais no planeta. Além das emissões de gases dos próprios animais, a pecuária bovina em larga escala muitas vezes está associada às queimadas e desmatamentos, além da alta demanda de recursos hídricos. Outro grande problema ambiental da produção de couro é o processo de curtimento, por meio do qual a pele animal se torna “mumificada” e resistente ao apodrecimento, utilizando produtos químicos, como o cromo, que são nocivos aos humanos e ao meio ambiente.” Em consequência disso, surgem os materiais alternativos ao couro, os sintéticos. Mas será que eles são ecológicos?
- Entenda as nomenclaturas: Sintéticos
(Botter, Chloé, Acne Studios)
Os materiais sintéticos que imitam o couro devem ser chamados pela sua composição: PU (poliuretano), PP (polipropileno) ou PVAL (polivinílico). O popular corino é um tecido laminado que tem a base em tecido 100% algodão e a laminação é composta por PVC, poliéster ou poliuretano, podendo ser a mistura dessas três composições.
Criados no século XX como uma alternativa ao uso do couro, os sintéticos são produzidos através de processos químicos derivados do petróleo. Além do petróleo ser considerado um recurso não renovável (A British Petroleum) divulgou um estudo que aponta o fim das reservas de petróleo nos próximos 53 anos); durante o processo de fabricação, são utilizados diversos químicos poluentes. Sua menor durabilidade de uso (descascando-se facilmente) e o fato do material demorar mais de cem anos para se decompor contribuem para que esses materiais não possam ser considerados ecológicos.
A escolha entre optar pelo couro ou sintético é individual e envolve um grande debate. Mas o que temos certeza é que as melhores opções são as alternativas sustentáveis de origem natural, que aos poucos ampliam suas produções.
- Entenda as nomenclaturas: Alternativas sustentáveis
(Piñatex, Desserto, Mylo,Tômtex)
As alternativas eco-friendly surgiram, principalmente, na última década, como uma revolução no mundo da moda. São materiais que se assemelham à estética do couro, mas provenientes do mundo natural.
O Piñatex é criado a partir das folhas e caule do abacaxi, é 100% biodegradável e já foi utilizado em criações das marcas H&M e Hugo Boss. O Desserto é desenvolvido a partir de cactos, é livre de produtos químicos e pode ser usado nas indústrias de vestuário, mobiliário e automobilística. O Mylo é produzido através de cogumelos e é uma grande aposta das marcas Stella McCartney, Adidas e LuluLemon. E o material Tômtex utiliza resíduos de conchas de frutos do mar e grãos de café para replicar o couro e suas infinitas texturas (como o efeito croco e python).
Os problemas ambientais relacionados ao couro não serão resolvidos da noite para o dia. Mas o conhecimento sobre os diferentes materiais, fatores envolvidos e alternativas sustentáveis que estão chegando é essencial para fazer parte do futuro da moda. Conheça as leis, seus direitos e saiba a história por trás da peça que você está comprando.
Quer saber as melhores trends do momento e como valorizar os seus produtos nas redes sociais? Me acompanhe no Instagram @joyalano_ e inscreva-se no meu canal do YouTube!
Texto feito pela Equipe Provador Fashion
Referências:
Imagem destaque via @sorensenleather
CASA VOGUE https://casavogue.globo.com/Design/Sustentabilidade/noticia/2020/10/6-alternativas-mais-sustentaveis-ao-couro.html
CICB https://www.cicb.org.br/lei-do-couro/sobre
FELICIA PRETTO https://feliciapretto.com.br/historia-do-couro/
PETROLEO E ENERGIA https://www.petroleoenergia.com.br/o-petroleo-pode-acabar/