Que os brechós online são uma tendência global de consumo consciente, você já sabe. Mas, por aqui, vamos falar de empresas que se diferenciam das demais nesse ramo e o poder de atração que uma identidade de marca tem. Ainda mais quando falamos de peças vintage.
Peças vintage, de brechó, second hand, resale ou recommerce. Todos esses termos tentam definir este modelo de negócio/comportamento que já vem ganhando força há anos, mas ganhou destaque especial durante a pandemia.
Neste período em casa, uma grande parcela da população fez uma revisão no seu armário e optou por doar ou revender peças de roupas, acessórios e calçados que não eram mais usados. E as plataformas online (recommerce) são uma alternativa que vem crescendo cada vez mais para fazer essa venda, pela praticidade e rapidez.
Por meio dessas iniciativas, que conectam quem quer dar nova vida útil às peças e quem quer comprar, as roupas voltam ao ciclo da moda e não são descartadas tão facilmente. De acordo com o relatório de revenda da ThredUP, marca californiana de roupas second hand, 62 milhões de mulheres compraram algum produto secondhand em 2019, e 82% dos consumidores entrevistados estão dispostos a fazer isso. Projeções indicam que esse modelo de revenda deve superar os números de faturamento do fashion fashion em até sete anos.
Como a marca se apresenta no site e nas plataformas digitais faz toda a diferença na experiência de compra do usuário. Segundo o site Digitale Têxtil: “A moda second hand mão consiste em vender roupas usadas ou seminovas por meio de uma curadoria que engloba faixas de preço, estilo e alinhamento à identidade da marca. Trata-se de criar e ressignificar peças selecionadas com afetividade, a fim de promover uma moda sustentável e que faça sentido para o público-alvo.” As marcas precisam comunicar-se com os clientes, mostrarem-se seguras e atrativas. Pensando nisso, selecionamos cinco marcas de recommerce que estão revolucionando o modo de consumir moda:
A Thred Up é a maior empresa de recommerce do mundo. Fundada em 2009, nos Estados Unidos, a partir de um insight do seu CEO James Reinhart: ele tinha um guarda-roupa cheio de camisas sociais que não usava. A ideia das camisas evoluiu para trocas de roupas masculinas, femininas e infantis e hoje domina um mercado gigantesco neste setor. Oferece uma plataforma super fácil de navegar, com opções de tamanhos super inclusivos (do XXP ao G5) e funcionalidade de construir cada etapa de um look seguindo inspirações.
Além disso, hoje possui coleções próprias feitas com upcycling (inclusive em collab com a atriz Olivia Wilde), parcerias com marcas varejistas e celebridades. O site possui peças de mais de 35 mil marcas, ou seja, abriu caminhos nesse segmento e hoje inspira empresas e pessoas no mundo todo a optarem por uma moda circular. Como identidade visual, no instagram, comunica-se com cores vibrantes, frases sobre moda circular e fotos de pessoas reais de todos os biotipos. O que conclui-se que é uma empresa que preza pela diversidade, integração com o cliente e uma identidade jovem e trendy.
O grande diferencial da marca de recommerce brasileira Enjoei é que você pode fazer seu resale de forma fácil e intuitiva. A plataforma foi criada em 2009 e hoje é consolidada no Brasil, sendo uma opção prática para quem quer revender roupas que não usa mais: escolher um fundo legal, tirar fotos e subir no app. Um verdadeiro marketplace pronto para vender as peças que você “enjoou” no seu armário. Essa estratégia cresceu tanto que atualmente a empresa possui capital aberto na bolsa de valores e mais de 7,5 milhões de usuários cadastrados no banco de dados do site. A marca possui parceria com grandes marcas e influenciadores. Com comunicação descolada, também focada em gerações mais jovens – o que nos faz pensar que esse modelo de negócio (até por ser online) seja mais aceito por essa faixa etária, e consequentemente, a comunicação é feita por meio de celebridades, memes e frases de conscientização.
Mas claro, em meio à identidades vibrantes e com vibe gen z, sempre há espaço para o minimalismo. E os brechós online com essa identidade também ganham espaço. É o caso do perfil americano Deux Birds, que possui um padrão na forma de garimpar e fotografar os seus looks – que você já deve ter salvo em alguma pasta do Pinterest. A marca possui um estilo único, com um olhar extraordinário para peças atemporais. Apesar de impressionar pela estética clássica e atual, a marca perde pontos por apenas apresentar peças em tamanho XP/P. Mesmo assim, o público do instagram só cresce e isso abre caminhos para expansão de na grade de tamanho, número de peças e distribuição.
A estética minimal também chegou ao Brasil, o perfil Anti Fashion Club de Florianópolis-SC é um exemplo. A criadora, Bárbara Behr, caça roupas vintage (a maioria de marcas de luxo) e posta no instagram. O seu grande diferencial é que as peças são vendidas por sistema de leilão online. Os lances mínimos começam em R$20,00 normalmente e encerram em dois dias úteis. Assim, Bárbara definiu um estilo para a marca (sexy chic) e criou identificação com a clientela. Já vestiu personalidades como a modelo francesa Clara Berry e a cantora brasileira Manu Gavassi. É um modelo de resale em ascensão.
A plataforma Depop é italiana, fundada em 2011 e hoje atende em escala global no modelo de recommerce de usados, peças vintage de marcas de luxo e upcycling. Seu objetivo é transformar o mundo por meio da moda. É um canal de revenda de consumidor para consumidor e também um portal de venda para grandes marcas. A interface do app é projetada seguindo o modelo do Instagram, desta forma, conquistou muitos usuários jovens (de acordo com pesquisa realizada pelo The Strategist em 2019, o Depop foi votado pelos adolescentes como seu site de revenda favorito). A identidade visual da marca possui estilo mais alternativo, evidencia marcas independentes e looks ousados.
O crescimento do recommerce é uma esperança de um futuro da moda mais sustentável, além de uma oportunidade interessante para os varejistas que buscam inovação. A Thred Up posiciona-se sobre o setor: “Comprar second hand é muito mais do que encontrar excelentes negócios das nossas marcas preferidas. É sobre comprar com intenção, rejeitando a cultura de descarte da moda e se impondo sobre a sustentabilidade. As roupas que usamos tem o poder de criar mudança.”
A identidade visual da marca e como ela comunica está altamente ligada com o sucesso do recommerce, pois os valores da marca precisam conversar com os consumidores. Segundo o mesmo report da Thred Up, pioneiro no estudo sobre o tema: a sustentabilidade, o posicionamento contra o desperdício na moda, a economia e a qualidade são os principais motivadores nas compras em second hand. Deixou de ser somente uma forma de fazer compras e tornou-se um estilo de vida.
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Texto escrito por Monic Menezes (@monicmenezes)
Referências:
Digitale Textil. 2021. Second hand na moda: o que é e como investir? Disponível em: https://www.digitaletextil.com.br/blog/second-hand/ Acesso 20 dez 2021.
Ecommerce Brasil. 2019. O que é recommerce e porque é tendência? Disponível em: https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/recommerce-tendencia/ Acesso 18 dez 2021.
Thredup. 2021. Resale Report. Disponível em: https://www.thredup.com/resale/#size-and-impact Acesso em 20 dez 2021.
Vogue. 2020. Resale: acelerada pela pandemia, a venda de produtos de segunda mão é a maior tendência de consumo de 2020. Disponível em: https://vogue.globo.com/moda/noticia/2020/10/resale-acelerada-pela-pandemia-venda-de-produtos-de-segunda-mao-e-maior-tendencia-de-consumo-de-2020.html Acesso em 18 dez 2021.
Use Fashion. 2021 Mercado de revenda: o que você precisa saber. Disponível em: https://nova.usefashion.com/trends/8454/report/Mercado-de-revenda%3A-O-que-voc%C3%AA-precisa-saber Acesso 16 dez 2021.
Imagens:
Thred Up https://www.thredup.com/
Enjoei https://www.enjoei.com.br/
Deux Birds https://www.deuxbirds.shop/
Anti Fashion Club https://www.instagram.com/antifashionclubb/
Depop https://www.depop.com/